Como estamos no mês sete resolvemos lembrar o carnaval de 2007, assim como fizemos mês passado com o carnaval de 2006. Partindo do grande sucesso do enredo “Gostosa como um abraço”, que havia conseguido aliar um bom patrocínio com excelente samba e um lindo carnaval, a diretoria procurou criar um enredo que pudesse ser patrocinado por outro grande segmento da economia catarinense. Assim definiu-se que após um enredo que envolvia a indústria de malhas em SC, a Aliança buscaria um patrocínio na indústria cerâmica. O patrocínio não veio, mas a Malwee (patrocinadora do ano anterior) manteve-se com a escola e o problema foi resolvido. Quando o enredo foi anunciado muitas pessoas não acreditavam que ele renderia um bom samba, dizia-se que era um tema muito “frio” para a escola que pela segunda vez buscaria um tricampeonato. O fato de em 1999 a escola não ter conseguido boas notas na busca do primeiro tri, colocava ainda mais pressão para que o desfile de 2007 fosse arrebatador, não permitindo que pela segunda vez o título inédito escapasse. O clima ainda era de desconfiança em relação ao azulejo, quando a Vale Samba anunciou que faria seu enredo sobre os 90 anos de Joaçaba a desconfiança só aumentou. Com um enredo local, muito comum na azul e branca, havia a grande chance de haver um grande desfile, que levantasse o público e dificultasse ainda mais a Aliança. A desconfiança mudou quando o samba foi lançado. Com uma letra poética e de fácil assimilação o samba caiu no gosto dos componentes da escola. O refrão do meio era uma releitura adaptada ao enredo da música “se essa rua, se essa rua fosse minha”, que virou “se essa avenida fosse minha”. O refrão final era ainda melhor, pedia a escola para que brilhasse, e revestisse o coração de quem a ama. A essa altura a escola já acreditava que poderia ser tricampeã, mas no dia do desfile as notícias não eram boas. A previsão era de chuva para o desfile, não que isso pudesse atrapalhar, já que a escola possuía então entre seus cinco título dois conquistados embaixo de chuva, mas pelo fato de que as fantasias pesam mais e perdem um pouco de sua beleza com as plumas murchas. Na noite do desfile parecia que a previsão havia errado, poucos pingos caíram na avenida durante o desfile da Unidos do Herval, e durante o desfile da Vale Samba a chuva parou. Mas o destino estava traçado, quando se anunciou que a Aliança entraria na avenida e os fogos de artifício estouraram no céu, os céus desceram para desfilar com a Aliança. Se isso era para ser um feitiço para que a escola não fizesse um bom desfile, o feitiço virou contra o feiticeiro. A escola ganhou ainda mais gás e entrou com tudo na avenida em busca de seu inédito tricampeonato. Sob forte chuva a comissão de frente toda vestida de branco, em fantasias extremamente detalhadas e luxuosas, pisou na avenida. O detalhismo era tamanho que as componentes usavam lentes de contato branca, dando ainda mais realismo. A coreografia assim como no ano anterior era precisa. Superando as críticas de que a dança era muito parada em 2006, a coreógrafa preparou um bailado extremamente rápido e que empolgou. Em seguida a porta bandeira Ula pingo de ouro mostrou por que receberia todas as notas máximas: desfilou grávida, com chuva e de salto alto. O mestre sala acompanhou-a no mesmo ritmo, conquistando 10 de todos os jurados. As alegorias mostravam a Aliança que a Aliança gosta de ver: carros muito bem acabados e acima de tudo luxuosos. No alto do abre-alas a modelo e dançarina Scheila Mello dava o ar de sua graça. No mesmo carro, a artista plástica Jussara Duarte, primeiro enredo da escola, era o destaque principal. As fantasias não ficavam para trás. O ouro foi a cor que permeou todo o desfile. A bateria de Mestre Alexandre não deixou nenhum componente parado e encantou a multidão que se encolhia para fugir da chuva. Enquanto a chuva caia a Aliança delirava na avenida. A empolgação não foi prejudicada, chegando a ser elogiada por uma jurada que declarou na planilha de notas: “mesmo com a forte chuva a escola não perdeu a empolgação, parabéns”. Assim nota a nota escola ia conquistando os jurados. A Aliança provou que o azulejo dava samba, e que poderia dar título sim. Mantendo a tradição de apresentar impérios em seus enredos, 2007 foi o recorde, começando com egípcios, assírios, babilônios, árabes, holandeses e terminando com espanhóis e portugueses. Ao final do desfile o público estava dividido. Muitos diziam que a chuva teria adiado o sonho do tri. A Vale Samba havia feito um grande desfile, mas a Aliança mesmo com chuva fez uma boa apresentação em relação a evolução e harmonia, quesitos que correm mais risco de ser prejudicados pela chuva. A apuração das notas foi acirrada. O primeiro quesito, enredo, acabou empatado entre azul e branco e verde e branco, mostrando o equilíbrio daquele carnaval. Porém, conforme as notas iam saindo a Aliança abria mais vantagem. Ao final do desfile a escola havia recebido todas as notas 10, fato nunca antes visto no carnaval de Joaçaba. O sonho era realidade. Após nove anos a Aliança conquistava seu terceiro título seguido. Alegria para uns, decepção para outros. O final seria ainda mais perfeito se alguns torcedores da outra escola não iniciassem um briga aliada a xingamentos para a nossa escola, nada que prejudicaria nossa festa. Em verde e branco, multicolorida, como dizia o enredo, a Aliança conquistou sob chuva seu sexto título, o terceiro com chuva. Hoje nos resta apenas a memória deste que será sempre o ano em que jurado algum ousou dar menos que 10 para a Aliança.
terça-feira, 29 de julho de 2008
Assinar:
Postagens (Atom)