Mês de outubro, festa na Aliança. Há quatorze anos atrás nascia em Joaçaba mais uma pequena escola de samba. O carnaval renascia, mas a disputa era dividida entre as grandes escolas: Vale Samba e Unidos do Herval. Os blocos e associações que haviam desfilado em 93 e 94 como escolas não teriam força pra superar as tradicionais escolas. Era preciso mais, mais pessoas, mais estrutura. Assim, no longínquo outubro de 1994, cinco desses pequenos blocos se uniram. Estava dado o pontapé de uma história de grandes conquistas. A pequena escola, que acabava de nascer, precisava de apoio. Foi a própria carnavalesca da escola, Lola, que convidou o empresário Carlos Fett para se juntar a nova agremiação. De imediato ele prometeu apoio. Segundo ela, foi ali que ela teve certeza que a Aliança seria uma grande escola de samba. As coisas foram se definindo. Da união do azul com o amarelo, cores dos blocos do Cruzeiro do Sul e Flor da Serra, veio o verde, dos outros blocos, o branco. A pomba foi eleita como símbolo. Estava montada toda a simbologia da escola que em seu nome quis homenagear todos os blocos que lhe deram origem, uma grande aliança em prol da festa do carnaval, uma escola que nascia para ser grande, para ser diferente e enfrentar as tradicionais escolas.
A Aliança só queria mostrar que podia fazer carnaval, mas começou a sofrer com a especulação. Vencendo a Unidos do Herval, campeã do carnaval de 1981, em seu primeiro desfile, mostrou que não era só mais uma, que havia chegado pra ganhar. Neste mesmo ano foi até apontada como a favorita, mas perdeu para a tradição da Vale Samba. O resultado deu mais força, e a escola veio ainda mais bonita para a avenida. Mais um vice, mas o título parecia estar perto. A cidade começava a conhecer a Aliança. Desfiles com muito verde e branco, acabamento impecável e muito luxuoso. Em 1997, com samba fácil e tema popular, a nossa querida Florianópolis, a escola mostrou que poderia mudar o carnaval de Joaçaba tornando-se campeã. No dia do desfile porém, forte chuva caiu no momento em que a Aliança cruzava a avenida. Muitos disseram que a chuva teria roubado ali, a chance de ser campeã. Os jurados não. Foi assim que surgiu nosso primeiro título. Foi ali que se concretizou um sonho, que a escola mostrou que era possível derrubar as tradicionais escolas. “Barriga verde eu sou, de verde e branco eu vou, com orgulho e com fervor” dizia o samba campeão. Mas não faltaram justificativas para vitória tão inesperada. “Foi azar” diziam uns. “As outras que erraram” retrucavam os outros. A Aliança não ligou, manteve seu foco e voltou pro carnaval de 1998, agora em nível igual, o de campeã. Sem chuva não deu outra, venceu de novo. “Não pode ser, a zebra está no ar, agente até fez nevar na avenida”. É verdade. Teve até neve artificial na co-irmã, mas não a garra de quem queria mostrar que também fazia carnaval. Foi falando do sono que a Aliança acordou na avenida bicampeã do carnaval.
A história que parecia conspirar a nosso favor mudou de lado. Vieram tempos difíceis. Dois desfiles ruins. A escola parecia perder força. Os enredos não geravam bons sambas, os desfiles não rendiam, o luxo não impressionava mais. Era preciso mudar e renascer. E assim se fez. Em 2001 entrou na avenida outra Aliança. Mais colorida, maior, com mais volume. Explodiu em cores pra mostrar a Amazônia. Encantou a todos e foi considerada a favorita. “Já ganhou, esse ano é da Aliança”, diziam as pessoas, mas não foi o que se viu nas notas. A escola não entendia notas como 7,0 em fantasia, um de seus quesitos mais fortes. Perdemos o carnaval, voltamos pro barracão e fomos repensar... Vaia ao entrar na avenida, cerveja jogada em nossos destaques, notas inexplicáveis... Parecia que algo conspirava contra a escola. Foi aí que decidimos parar. Não paramos só por que perdemos, mas por que naquele momento era preciso mostrar que tinha algo de errado.
Em 2003 voltamos com tudo. Mais uma vez a escola mudou. Enredo mais popular, colorida, diferente. Sem a Unidos do Herval o desfile foi um confronto direto. As notas não foram satisfatórias, e a vitória veio por uma perda de pontos pela falta de 3 baianas no desfile de segunda-feira da Vale Samba. “Isso não vale, nós ganhamos nas notas” diziam torcedores da co-irmã. Mas a contagem das baianas estava no regulamento, assinado pelas duas escolas. Vencemos por que fomos mais organizados. Mas havia coisas estranhas, afinal até as luzes da avenida se apagaram na segunda noite de desfile. A essa altura já se sabia que não era possível abraçar a todos, mesmo assim, no escuro a escola ouviu o “É campeã”. A Aliança entra na avenida em 2004 como a escola campeã, mas querendo mostrar que podia vencer sozinha, sem o erro do adversário. Não foi dessa vez. Assim como em 2001 faltou justificava para algumas notas. Enredo fascinante: o beijo. Desfile triunfal. Avenida contando o samba. Choro de muitos, tristeza geral. Após muitas reuniões a escola resolveu não deixar de desfilar. Voltaria pra avenida de cabeça erguida, mostrar seu carnaval. Ganhar? Talvez, se os jurados não quisessem o publico diria se foi justo ou não. Foi aí que tudo mudou. Brilhou a Aliança na avenida pra mostrar que “verde e branco é o show”. Voltamos a vencer dignamente, sem depender de erro do adversário. Era quebrado um jejum de seis anos. Foi a Aliança mostrando que se refazia a cada ano, que assim como uma aliança mesmo, a cada ano inicia um novo ciclo. A escola ganhou força, e foi somando títulos... 2005, 2006, 2007. Um belo tricampeonato. A perfeição de 2005, a magia de 2006, o luxo de 2007, sem contar todas as notas 10, fato inédito. Em 2008, mais um tombo, mas nada que possa nos impedir de dar a volta por cima. Quem já venceu tantos obstáculos vencerá mais este. Nesta data tão importante temos muito mais a comemorar do que a lamentar. Em 13 desfiles fomos seis vezes campeões, seis vice-campeonatos e desfiles primorosos, como o de 2004, que só pela lembrança já valeram a pena. Neste mês de aniversário só nos resta agradecer, ao nosso patrono Carlos, a nossa carnavalesca Lola, e a todos que um dia dedicaram um pouquinho do seu tempo, para que aquele sonho de 14 anos atrás, virasse uma grande realidade. A toda a família verde e branco, Parabéns pelos seus 14 anos de glórias, vitórias e muitas histórias...